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Defesas de réus pedem acareações e prazo maior como estratégia final no STF

Bolsonaro cumprimenta Mauro Cid antes de interrogatório no STF - Ton Molina/STF
Bolsonaro cumprimenta Mauro Cid antes de interrogatório no STF Imagem: Ton Molina/STF
do UOL

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

17/06/2025 05h30

As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do general Braga Netto e do ex-ministro Anderson Torres estão mirando a delação, o interrogatório e o suposto perfil do tenente-coronel Mauro Cid em uma rede social como uma cartada final no STF no julgamento do golpe de Estado.

O que aconteceu

Defesas dos réus tiveram 5 dias para apresentar pedidos. O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, vai decidir sobre os pedidos. Entre os alvos dos pedidos, está uma suposta violação do acordo de delação de Cid, já que ele estaria conversando, por meio de um perfil de Instagram, com envolvidos nas investigações do 8 de Janeiro, segundo reportagem da revista Veja.

Advogados do ex-presidente citam o suposto perfil de Cid na rede social. Eles veem nesse descumprimento de medida cautelar imposta pelo Supremo motivo para pedir a anulação da delação.

Defesa de Bolsonaro também pede mais prazo. Eles querem aguardar o retorno das informações da Meta sobre o perfil citado pela revista Veja para solicitar novas diligências.

Linha é a mesma da defesa do general Braga Netto. Eles vêm adotando estratégia semelhante de tentar anular a delação de Mauro Cid, considerada crucial para a denúncia da PGR contra eles por tentativa de golpe de Estado.

General Braga Netto pediu para o STF investigar informações do perfil atribuído a Cid. Moraes já havia determinado, na semana passada, que a Meta fornecesse informações sobre o referido perfil.

Caso o perfil seja de Mauro Cid, o uso dele violaria o acordo do delator na Justiça. A delação premiada do tenente-coronel inclui sigilo sobre as informações prestadas, não ter contato com outros investigados e não usar mídias sociais. Nas mensagens publicadas pela revista, o delator diz o que contou à Polícia Federal, cita pressões no inquérito e que a corporação queria jogar o depoimento para o "lado do golpe".

Acareações solicitadas

Braga Netto também pediu acareação com Cid após seus interrogatórios apresentarem "divergências" entre si, segundo a defesa. As contradições citadas são: a reunião na casa de Braga Netto para supostamente discutir o plano "Punhal Verde e Amarelo" e a alegação de que ele entregou dinheiro a Cid para financiar as manifestações em frente aos quartéis.

Cid disse, no interrogatório, que Braga Netto "entregou dinheiro" a ele para bancar uma operação na tentativa de golpe. A princípio, o delator afirmou ter imaginado que era para levar gente para os acampamentos em frente ao quartel-general do Exército e só depois se inteirou pela imprensa do plano para espionar e matar autoridades. "Na minha cabeça, o intuito era trazer pessoas para manifestações em frente aos quartéis. Falei com o tesoureiro do PL e ele disse que o partido não poderia bancar aquilo."

Não havia contato com financiadores, disse Braga Netto, sobre a acusação de Cid. "Eu não tinha contato com financiadores, então não tinha como pedir dinheiro e não entreguei dinheiro para ninguém", afirma.

Defesa diz que Cid não conseguiu provar suas denúncias sobre Braga Netto. "Não é demais explicitar que essa diligência complementar se mostra necessária para a devida apuração dos fatos, pois Mauro Cid não trouxe aos autos provas que corroborassem suas acusações."

Torres pediu acareação entre ele e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, para provar ausência em reunião golpista. O ex-ministro quer mostrar que não estava em reunião na qual foi discutida a proposta de minuta golpista entre Bolsonaro e os então comandantes das Forças Armadas.

Ex-comandante da FAB mudou de versão sobre presença de Torres. Em audiência no STF, o brigadeiro Baptista Junior retificou sua versão dada anteriormente à Polícia Federal e disse que o ex-ministro da Justiça não estava presente no encontro em que Bolsonaro discutiu propostas golpistas. Na versão inicial, Anderson Torres havia sido apontado como o responsável por assessorar juridicamente Bolsonaro nos encontros.

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