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Trump preside desfile em meio à morte a tiros de congressista democrata

14/06/2025 10h01

A morte a tiros de uma congressista estadual democrata por supostos "motivos políticos" enlutou o desfile militar que o presidente republicano, Donald Trump, presidirá neste sábado (14), dia de seu aniversário, em Washington, em meio a protestos em todo o país contra suas políticas.

A tragédia marcou o início do dia em Minnesota, no norte dos Estados Unidos, um país mergulhado em profundas divisões políticas.

Um homem matou a congressista estadual democrata Melissa Hortman e seu marido, Mark, em um ataque, enquanto o senador John Hoffman, também democrata, e sua esposa Yvette ficaram feridos em outro atentado, declarou com a voz embargada o governador do estado, Tim Walz, que qualificou o ocorrido como um "ato de violência política seletiva".

O autor dos disparos continua foragido, segundo a polícia.

"Não resolvemos nossas diferenças com violência nem à bala", disse Walz.

- "Violência horrível" -

O temor da violência política é cada vez maior nos Estados Unidos desde que Trump iniciou, em janeiro, seu segundo mandato na Casa Branca.

Os democratas criticam o presidente republicano por sua drástica política migratória, seus ataques à educação e à imprensa e estão convencidos de que ele viola os limites do poder executivo com uma agenda ultraconservadora.

"Terrível", disse Trump sobre o ataque aos parlamentares, que a procuradora-geral Pam Bondi classificou como "violência horrível".

Trump deve presidir à tarde um desfile militar com o qual sonha há anos.

Quase 7 mil militares, alguns a cavalo, muitos com uniformes de diferentes guerras, 150 veículos militares e cerca de 50 aviões sobrevoarão parte de uma imensa esplanada com monumentos emblemáticos como o Lincoln Memorial.

O desfile terminará perto da Casa Branca, onde paraquedistas entregarão uma bandeira ao comandante em chefe.

A parada coincide com o Dia da Bandeira e comemora oficialmente os 250 anos da criação das Forças Armadas dos EUA.

As autoridades esperam uma multidão de espectadores.

Os opositores de Trump também esperam reunir multidões em protestos em quase 2 mil cidades do país, batizados de "Sem Reis", porque consideram que o presidente se comporta como se fosse um.

Eles o acusam de "autoritarismo", de aplicar uma política de "bilionários em primeiro lugar" e de "militarizar" a democracia.

Em Nova York, no coração de Manhattan, Polly Shulman está indignada "com a forma como este governo está destruindo os ideais da Constituição dos Estados Unidos".

- "Tirem esse cara daí" -

O que mais impacta essa funcionária de museu de 62 anos são "as deportações ilegais de residentes cumpridores da lei, que não fizeram nada de errado e que têm direito ao devido processo, mas estão sendo sequestrados, desaparecidos e enviados a prisões de tortura em países estrangeiros".

Em Houston, no sul, Matthew, um professor de 34 anos que preferiu não dar o sobrenome, quer que democratas e republicanos "tirem esse cara do poder porque ele está se comportando como um inconsequente".

Ao meio-dia, milhares de pessoas já se reuniam na Filadélfia, que se tornou um importante ponto de concentração.

Em Los Angeles ? cenário, nos últimos dias, de protestos contra as operações de imigração do governo republicano ?, os manifestantes contra Trump esperam reunir cerca de 25 mil pessoas.

"Democracia morre no silêncio", dizia um dos cartazes.

Trump advertiu que reagirá com "grande força" se os manifestantes tentarem interromper o espetáculo, que segundo ele será "como nenhum outro".

De qualquer forma, o desfile é incomum: o primeiro desde o realizado em 1991, ao fim da Guerra do Golfo.

O Exército, que estima o custo do desfile em até 45 milhões de dólares, tomou medidas para proteger as ruas do peso dos tanques, com placas de aço reforçadas e esteiras de borracha nos veículos.

O clima pode atrapalhar o desfile com tempestades elétricas, segundo os meteorologistas, mas até agora não houve mudanças na agenda. O início está previsto para 18h30 locais (19h30 no horário de Brasília).

Para o governador democrata da Califórnia, Gavin Newsom, o desfile é uma "vulgar demonstração de fraqueza".

"É o tipo de coisa que se vê com [o líder norte-coreano] Kim Jong Un, com [o presidente russo] Vladimir Putin, com ditadores ao redor do mundo", afirmou na quinta-feira.

"Celebrar o Querido Líder no seu aniversário? Que vergonha!", acrescentou.

Trump está obcecado com a ideia de organizar um desfile desde seu primeiro mandato, após assistir a um em Paris, em 2017, a convite do presidente francês, Emmanuel Macron.

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© Agence France-Presse

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